O esporte é a cura, ou o vetor dela, para muitos males. Não há que não tenha ouvido ao menos uma história onde o herói atleta saiu de uma situação muito difícil para dar a volta por cima e conquistar o mundo. Alguns superaram tudo isso e ainda o preconceito para chegarem lá.
Mohammad Ali, Pelé, Arthur Ashe, Leonidas da Silva, Serena e Venus Williams, Domingos da Guia, Althea Gibson, Baltazar, Usain Bolt e Michael Jordan são apenas alguns deles que superaram tudo e também o preconceito.
O que dizer de Wilma Rudolph, campeã olímpica que teve paralisia infantil. Os EUA já eram a maior potência do mundo e sua mãe precisava levá-la a um hospital a 80 km de distância que atendia não a doença que ela tinha, mas a negros. Terrível. Se já é duro escrever sobre isso, indescritível o sentimento. Pois é, Wilma se curou e, em 1960, nos Jogos Olímpicos de Roma, foi campeã olímpica nos 100m, 200m e 4x100m metros rasos pelo país que lhe negara o mesmo tratamento a uma criança de cor diferente.
Duro falar de preconceito, pois ele não está num país, numa bandeira, numa constituição. Ele está nas pessoas, aquelas mesmas que lutam para conseguir a cura do câncer, as mesmas que são capazes de sacrificar suas vidas por um ente querido ou por sua pátria. Sem cor e sem preconceito.
O esporte pode e ajuda a diminuir isso, mas também não escapa de atos como aqueles vistos contra Neymar e Dani Alves na Espanha ou contra Aranha lá em Porto Alegre. Futebol e paixão não são passaportes para vilanias contra nenhum ser humano, seja em brigas, seja em ofensas que podem doer muito mais que um tiro.
A vilania do preconceito se esconde atrás do humor, do quem nunca e de outras imbecilidades que mostram que o homem ainda é um projeto em desenvolvimento, portanto tem jeito. Pode evoluir. Divergir é parte do processo evolutivo e uma forma de aprendizado, agredir jamais. Isso nos coloca quando éramos todos atletas da sobrevivência onde correr saltar, nadar e arremessar era o que mantinha viva nossa espécie na pré-história. Isso é história e nela deve ficar.
Em 1936, Jesse Owens calou o estádio olímpico de Berlin, totalmente lotado quando venceu a filosofia supremacista da época. Anos mais tarde, quando perguntado se havia ficado ofendido com o fato de Hitler haver se recusado a cumprimenta-lo, Owens foi rápido e direto como suas passadas: “Hoje eu estou aqui. Ele não!”.
Devemos ter plena consciência, todos os dias, que dependemos uns dos outros para seguirmos em frente. Que está provado que a África é o berço do mundo e que não foi no vergonhoso ciclo escravagista como pensam alguns que seus filhos, nossos irmãos, se espalharam pelo mundo onde vencem e brilham todos os dias com todo merecimento.
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