Olha que eu tenho uma bela janela de aberturas olímpicas. No Rio, estou na minha 10ª cobertura. Nas solenidades que inauguram os Jogos, são oito em que estive ao vivo, na cobertura jornalística. Longe do pachequismo – que é péssimo em qualquer análise que se faça de qualquer assunto –, o Brasil deu um show e fez a abertura mais emocionante de todas.
Talvez por colocar justamente o termo solenidade longe do que realizou. A criatividade, a diversidade e toda a história do povo brasileiro e de nossa terra foram muito bem retratadas num lindo show que emocionou e surpreendeu o mundo. Fernando Meirelles e a equipe que criou tudo aquilo mostraram que a maior ferramenta tecnológica ainda é aquela que todos carregamos em nossas cabeças e, muitas vezes, é tão pouco usada: o cérebro. Quando ele entra em conexão direta com o coração, aí ninguém segura. E foi exatamente isso que rolou no Maraca de todos os brasileiros naquela noite inesquecível e maravilhosa.
Não há um só brasileiro que não decolou no 14 Bis junto a Santos Dumont e sobrevoou a Cidade Maravilhosa. Nenhum deles deixou de ter lágrimas nos olhos ao ver que a frase de Obama se aplica a todos de todos os povos: “Sim, nós podemos”. Um recado para o mundo, mas uma forte mensagem para todos os brasileiros.
A repercussão da imprensa mundial surpreendida pela criatividade e carga emocional da festa de abertura deu a primeira medalha de ouro ao Brasil: a do sucesso do evento, da criatividade e da emoção dos atletas que emocionados. Muitos deles, com experiência de várias edições olímpicas, enalteciam o acontecimento. Foi um momento mágico e lindo que ficará sempre gravado na história do Brasil. Mais curioso que no templo do futebol, antes possuidor do título do maior do mundo, a maior glória do Maracanã se deu na abertura da Olimpíada que resgatou a tristeza de 1950. Um novo começo para o Maraca e para o esporte brasileiro.
Curiosamente, tal qual na primeira edição em que participamos, o Brasil conquistou sua primeira medalha de arma na mão. Felipe Wu conquistou a prata na pistola 10 metros. Para melhorar ainda o contexto da brilhante conquista, Felipe treina muito na garagem de casa que foi adaptada como estande. A disputa foi decidida no último tiro e, até ali, o brasileiro liderava. O vietnamita Xuan Vinh Hoang acertou o centro do alvo e levou. Felipe, modesto, disse que o adversário atirou melhor e mereceu. Já o vietnamita disse que ganhou por sorte.
Uma abertura magnífica digna de medalha de ouro e uma brilhante prata no tiro. Esses Jogos Olímpicos estão de tirar o fôlego. Controle a respiração como o Felipe (vale a pena ver muitas vezes esse feito) e vamos lá. Isso tudo está apenas começando…
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