A russa Yelena Isinbayeva, campeã mundial e olímpica do salto com vara, está numa batalha para participar dos Jogos Olímpicos do Rio, que começam daqui a 73 dias.
Desde que a Rússia foi suspensa pelo COI e pela WADA das competições, mas ainda sem uma decisão definitiva sobre a participação no Rio, Isinbayeva tem manifestado frequentemente sua indignação pela possibilidade de não participar daquela que seria uma última competição oficial.
Ícone do esporte, a russa tem as melhores marcas da história da prova. Com 5,05 metros, ela cravou o recorde olímpico em Pequim-2008. Também é dela o recorde mundial: 5,06 metros. Claro que sua participação no Rio daria um brilho ainda maior ao evento e à prova onde a brasileira Fabiana Murer é forte candidata a uma medalha.
Contra Isinbayeva nunca houve sequer uma dúvida acerca de sua conduta limpa no esporte. Nada, nadinha. Já contra seu país, com um laboratório antidopagem atuando para legalizar marcas obtidas por seus compatriotas, a coisa é bem diferente. Tanto que o laboratório foi descreditado e o atletismo russo está suspenso das competições oficiais da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) até 17 de junho, quando membros do COI decidirão pela participação ou não nos Jogos Olímpicos.
O último argumento da brilhante atleta é que ela poderá apelar à Corte de Direitos Humanos com um protesto alegando discriminação. Curioso, pois ela foi uma apoiadora da lei antigay do presidente Putin, com uma declaração forte pouco depois de receber a medalha de ouro no Mundial de 2013, disputado em Moscou. Isso mostra que no ditado “pimenta nos olhos dos outros é refresco” vale até a mudança do vento. Lembro ainda da frase que diz que devemos sempre manter o placar de 2 a 1 e usar muito mais os dois ouvidos que a boca. A possibilidade de errar fica muito menor.
A batalha promete mais etapas e deve ter um desdobramento que vai marcar ainda mais a carreira da melhor saltadora que o mundo já viu. Na fase metralhadora giratória, Isinbayeva não poupa seus colegas russos e dispara que não tem de pagar pelos erros dos outros. Verdade, mas atletas fazem parte de equipes, delegações e no caso dos Jogos Olímpicos, representam seus países. Caso a justa suspensão seja mantida, a única possibilidade imaginável seria participar sob a bandeira olímpica. Será que vai chegar a tanto?
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