Todos concordam que Fernando Alonso é um dos melhores pilotos do grid. Alguns especialistas vão além e dizem que ele é, simplesmente, o melhor. O saudoso Zampa, grande craque das letras, textos e humor, além de um grande conhecedor do automobilismo e seus bastidores, dizia isso sobre o espanhol: “ele é o melhor e ponto!”
Um grande campeão, além de todo o talento que deve ter para o esporte que pratica, seja ele qual for, deve obrigatoriamente enxergar o quadro todo, o contexto, o espaço que ocupe e pode ocupar. Isso é uma enorme diferença entre os bons, os craques, os grandes, os excepcionais e aqueles que são únicos.
Enxergar janelas de oportunidade em crises e vender lenços quando outros choram. Transcender o esporte e entrar para a história. Alonso mostra que enxerga isso e muito bem.
O espanhol não vai disputar o GP de Monaco, o mais antigo e tradicional do circuito da Fórmula 1. Vai correr as 500 Milhas de Indianápolis, caminho percorrido por ninguém menos que Jim Clark, Graham Hil, Jack Brabham, Jackie Stewart, Denny Hulme e Jochen Rindt nos anos 60 e por Emerson Fittipaldi e Nigel Mansell nos ano 80 e 90. O que tem em comum aí? Muitos títulos mundiais – quinze, para ser preciso.
De todos eles, apenas Clark, Hill e Emerson venceram a Indy 500. Emerson por duas vezes, mas Hill é o único tríplice coroado já que venceu além de Indianápolis, o GP de Monaco e as 24 Horas de Le Mans. A F1 existe desde 1950, as 500 Milhas de Indianápolis (que já fizeram parte do mundial de F1), desde 1911, e as 24 horas de Le Mans, desde 1923. E apenas um, em toda a história, venceu as três.
Os americanos até que tentaram dar uma força a Mario Andretti, que venceu Indianápolis em 67 e foi campeão mundial de F1 em 78, criando outra tríplice coroa, mas a história não deixou e Andretti nunca venceu em Le Mans, e diz que essa é a vitória que falta em sua carreira.
Olho no espanhol
Alonso vai a Indianápolis correr pela equipe do filho de Mario, Michael Andretti, que já foi companheiro de equipe de Ayrton Senna na McLaren. A equipe será McLaren-Honda-Andretti. Se na F1 o motor Honda ainda corre (bem) atrás dos outros, na Indy é muito competitivo e como todos os chassis são iguais Alonso pode surpreender.
Quanto à velha pergunta sobre a questão da diferença de carros, condução em tráfego em altíssima velocidade, longa duração da prova e coisas mais, lembro-me de uma frase de Mauricio Gugelmim sobre Senna que serve para todo piloto excepcional; “se dermos um ônibus para cada um entre todos do grid, todos sabemos quem será o mais rápido!”.
Se para Alonso a certeza não existe como era para Senna, sua condição permite dizer que sim, ele será muito rápido e o mais importante de tudo: ele segue motivado e também vai disputar Le Mans. Para o automobilismo e para o esporte é a certeza que um dos grandes ainda tem um bom caminho pela frente. Sorte nossa!
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