Não há no mundo quem seja do esporte e não se fascine com a história de Cuba. Nada com questões ideológicas e sim com as esportivas. O país maravilhou o mundo com resultados esportivos fantásticos, mesmo tendo uma pequena extensão territorial e, consequentemente, muito menos talentos para trabalhar.
Mas como soube garimpar. A ilha caribenha é, há tempos, uma fábrica de talentos e fenômenos no esporte. Claro que durante muito tempo, quando a crise econômica não havia batido em Cuba, as coisas eram mais fáceis, mas ainda hoje eles não param de surpreender.
Fui para Cuba cinco vezes. Três delas com o basquete feminino, uma com o vôlei e a outra foi no Pan. Em todas as viagens, além do trabalho, o que mais me interessava, sempre, era a forma de revelar e trabalhar novos talentos no esporte. Ainda hoje nas viagens encontro alguns amigos, jornalistas cubanos e sempre conversamos sobre o esporte, seus caminhos e sua administração.
O trabalho que foi realizado por lá no desenvolvimento do esporte fez a ilha ser uma potência esportiva. Nas quadras e pistas de atletismo. Também no baseball e transformou o país em exportador de talentos para o mundo. De uma maneira não ortodoxa, muitas vezes com fugas e dissidências, mas atletas nascidos em Cuba estão brilhando mundo afora.
A busca da excelência começa na escola onde a formação educacional envolve muita atividade esportiva não opcional como pensam alguns gordinhos de gabinete e dali a começa uma caça ao talento. Os mais habilidosos ou com potencial são escolhidos para programas de desenvolvimento esportivo. Um moto contínuo que, mesmo com a crise, não parou de render frutos.
No vôlei masculino, se pegarmos os cubanos espalhados pelo mundo, naturalizados e que cumpriram os dois anos sem jogar para poderem voltar à atividade, teremos uma das melhores equipes do mundo, um time que pode fazer frente a qualquer seleção.
Quando o Pan foi para Cuba, havia a dúvida de como seriam as questões comerciais, merchandising, estrutura de comunicação para o exterior e por aí vai. Ali, no meu entender, começou uma abertura. Nada faltou, tudo funcionou e a imagem dos Jogos que correu o mundo foi a do ouro brasileiro no basquete feminino, com Fidel brincando com Paula e Hortência, que não entregaria a medalha para elas. Aquele foi o momento histórico do Pan em Cuba.
Num momento em que o esporte brasileiro está repleto de problemas de toda ordem, com vexames locais e internacionais, vale olhar para o mar do caribe e para uma certa ilha e seus programas simples e não absurdamente caros, que revelam atletas há décadas e funcionam muito bem…
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