Alvaro José

Quando as marcas chegaram à Olimpíada

Amsterdã 1928. A nona edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna viu o primeiro duelo no marketing olímpico. E estávamos apenas na primeira terça parte do século passado.

Nada vende como o esporte. No cardápio: marcas, produtos e serviços seguem até hoje. Ideologia e afins estão meio fora de moda, se bem que, em Sochi 2014, esse lado também apareceu.

O mais curioso é que, por diferentes razões, três grandes marcas estiveram presentes nos jogos. Uma delas ao custear as despesas de preparação e transporte da delegação francesa. Apesar da curta distância entre os países, a França esteve a ponto de não participar dos Jogos, e isso somente foi possível com François Coty (sim, ele mesmo, dos cosméticos) bancando as despesas do time francês. O Comitê Olímpico, claro, que fez vistas grossas ao acontecido. A participação olímpica da Coty em Amsterdã se resumiu a isso.

Muito mais atentas, duas empresas que seguem até hoje investindo fortemente no esporte, também fizeram presença na edição dos Jogos Olímpicos que trouxe as marcas para o maior e melhor vetor mercadológico. Universo tão bom que dele fizeram a força de suas marcas: Coca Cola e Heineken.

A primeira montou o que hoje seriam quiosques e, com sua equipe, realizou distribuição do produto (o sampling de hoje). Aliou uma campanha onde encaixou um slogan bem forte, “a pausa que refresca”, tinha o que seria um outdoor próximo à entrada do Estádio Olímpico e pins para distribuir. Receita de sucesso até hoje!

Já a Heineken colocou um avião para fazer um voo sobre o estádio quando estava lotado, e com fumaça no céu foi escrito que ela era a cerveja da Olimpíada. Anúncios com ela no pódio em primeiro lugar também reforçaram a ação que, obviamente, foi outro enorme sucesso. Quem foi viu e foi marcado pelas ações, e quem não foi ficou sabendo depois. E se a história foi bem contada, o impacto pode ter sido até maior sobre o de quem viu em Amsterdã.

A conexão com o esporte e tudo aquilo que o rodeia traz retorno desde que as primeiras ações foram implementadas. O esporte vai muito além de estádios, campos, quadras, piscinas e ginásios. Da mesma forma que marcas inteligentes que tenham bons produtos.

Como escrevi acima: nada vende como o esporte!

Redação Esporte

Um dos maiores especialistas em esportes olímpicos, narrador e comentarista esportivo.

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Álvaro José

De Moscou em 1980 à Londres em 2012. Álvaro José, que já cobriu nove olimpíadas, volta à Band para integrar a equipe da emissora no Rio 2016. Professor de história, Álvaro é reconhecido por seu profundo conhecimento dos jogos e pela memória certeira que aparece durante as transmissões em forma de dados, nomes e marcas de recordes.

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