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Todo dia é dia, mas hoje é mais!

No início dos Jogos Olímpicos elas não podiam competir. Não pelo fato dos homens competirem nus, mas por serem as competições disputadas em Olímpia, local dedicado a Zeus e considerado uma área sagrada aos homens. Bobagem.

Kallipateria, mãe do lutador de boxe Pisirodos, assumiu o lugar do treinador quando ele morreu. O filho foi campeão. Na comemoração, o disfarce caiu e ela foi exposta. Não foi condenada à morte, pois seu pai, irmão e o filho foram campeões olímpicos. Por conta dela surgiu a competição dos homens nus acima.

Desde o início dos tempos quebrando barreiras, superando dificuldades e preconceitos. Achar que apenas um dia serve para homenagear é de fazer rir. Merecem o mundo, merecem ser celebradas durante toda existência.

São as donas do planeta, afinal, ele se chama Terra. Substantivo feminino e isso já diz tudo. Só não vê quem não quer.

Nos Jogos da Era Moderna, elas foram admitidas a partir dos Paris-1900. E foi no tênis que elas estrearam na maior competição esportiva do planeta, que ainda ficou maior pela presença feminina que tinha a contrariedade de Pierre de Freddy, o Barão de Coubertin, que havia recriado os Jogos Olímpicos quatro anos antes.

Na minha vida, a presença das mulheres no esporte sempre foi muito forte. Começou com minha mãe, craque da seleção brasileira de basquete que trabalhava, jogava e era mãe. Isso nos anos 50. Parou apenas quando meu irmão Claudio nasceu dois anos depois.

Depois, as histórias que meu pai, o jornalista Alvaro Paes Leme, contava da sua amiga Maria Lenk. Maria foi a primeira mulher do mundo a nadar o estilo borboleta e era recordista mundial, mas os Jogos Olímpicos de 1940 e 1944 foram cancelados devido à II Guerra Mundial.

Outra Maria de quem meu pai falava era Esther Bueno (foto), que jogava e ganhava superando dores. Encerrou a carreira com 19 Grand Slams, é uma linda história de superação.

Profissionalmente, cobri todos os grandes eventos mundiais do esporte e tive o enorme privilégio de ver conquistas históricas das atletas brasileiras. Da fantástica seleção de basquete comandada por Paula e Hortência no Mundial e no Pan, quando arrancaram sorrisos e brincadeiras de Fidel sem dar nada a ele que não fosse um grande espetáculo do esporte. Talento, garra e capacidade em doses tão grandes quanto o tamanho do Brasil.

Fernanda, minha filha, tem esse nome por conta de uma atleta excepcional: Fernanda Venturini. Também jogou vôlei e esperei que ela também chegasse à seleção brasileira, mas ela foi para as artes onde é uma grande craque e me enche de orgulho todos os dias.

No esporte e na vida elas precisam brigar para mostrar seu valor, ganhar os mesmos salários ou prêmios. Ocupar os mesmos espaços. Injusto, absolutamente injusto. São tão ou mais competentes que os homens.

Na grande maioria das vezes são elas as realizadoras das maiores proezas, dos mais lindos sorrisos, do milagre da vida. Não por coincidência, outro sinônimo feminino. Por tudo isso, todo dia é dia, mas hoje é mais. Muito obrigado por existirem. Muito obrigado por me fazerem existir.

Alguém aí ainda tem duvida de quem é que manda?

Redação Esporte

Um dos maiores especialistas em esportes olímpicos, narrador e comentarista esportivo.

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