Goleiros

Jogar ali é tão difícil que a grama morre e não nasce mais. Heróis e vilões na mesma proporção, os goleiros têm a dura missão de impedir o objetivo maior do futebol: o gol. O uniforme diferente, as luvas, o fato de poder pegar a bola com as mãos e a solidão.

Antes era bem difícil achar quem quisesse se aventurar por ali. O normal era quem tinha menos habilidade com os pés parar embaixo dos três paus, como os antigos chamavam o gol. Hoje, com a mudança tática, marcação adiantada já na saída de bola e outros que tais, os goleiros não só devem ser muito bons embaixo das traves, como treinar muito com os pés e jogar às vezes como zagueiro e também como armador, lançando seus companheiros. Com isso aumentou, e muito, a responsabilidade deles pelo resultado de seus times.

Hoje os goleiros são vistos antes pela sua capacidade de jogar com os pés e armar o jogo. As últimas grandes contratações na posição mostram isso. É a consagração, daquilo que nos campinhos de terra chamávamos de “goleiro-linha”, quando faltava um para completar o time.

O Brasil teve grandes goleiros. Barbosa (sim, ele mesmo, da Copa de 50), Castilho – que dizia que as traves estavam lá para jogar para ele –, Gylmar, Manga, Leão, Taffarel, Marcos e agora Allison, Ederson e o terceiro que está dando dor de cabeça para a escolha para Tite e o hoje treinador de goleiros da seleção Claudio Taffarel.

Impossível falar em goleiros e não citar a defesa de Banks na cabeçada de Pelé no jogo contra a Inglaterra, na Copa de 70, considerada uma das maiores de todos os tempos. Lev Yashin, o Aranha Negra, fez história na posição. É o único goleiro a conquistar a Bola de Ouro e está nos cartazes da Copa da Rússia em justíssima homenagem.

Capazes de operar milagres em campo, por vezes também são responsáveis pelos evitáveis “frangos”, que os tiram da condição de milagreiros para ordinários mortais. Gols defensáveis todos tomam. Em Copas, na Champions League, nos Estaduais, nos clubes e nas peladas da vida. A diferença está em como cada um reage. Isso sempre me impressionou em todos que citei acima e em alguns amadores também com os quais joguei e vi jogar. A tranquilidade diante da falha e a volta por cima, muitas vezes ainda na mesma partida, é o que os torna diferente dos demais. Diferentes e melhores.

Manga hoje completa 81 anos. A data do Dia do Goleiro vale para todos, mas cai no dia de alguém que deu a volta por cima. Em 66 contra Portugal falhou nos três gols. Não faria diferença, pois o Brasil não iria além daquilo. Deu a volta por cima e jogou até 82, quando se aposentou do gol. Jogando muito e ídolo do Inter e do Grêmio. Quem senão um goleiro, um diferente, conseguiria isso?

Goleiro tem seu dia quando faz uma grande defesa. Às vezes jogar num time menor faz do goleiro um grande destaque. Mas hoje é um dia especial que vale para todos eles.

Parabéns Goleiros!