Rotina já há alguns anos em minha vida estar parte do tempo na cidade olímpica. Mais ainda por estes dias em que pouco mais de um mês nos separam do inicio do maior evento que o Brasil já recebeu.
O velódromo que era a obra mais atrasada do Parque Olímpico da Barra finalmente ficou pronto. Sem evento teste é verdade, mas faltam apenas as questões cosméticas para a entrega total do equipamento. A instalação recebeu belos elogios inclusive do presidente da Federação Internacional de Ciclismo.
Atletas de sete países realizaram o chamado teste de pista neste último final de semana e também elogiaram o velódromo. Instalação definitiva o local deve ser o grande ponto de desenvolvimento do ciclismo de pista no país.
Como na maioria das vezes por aqui no Brasil é uma no cravo, outra na ferradura. Se o velódromo chegou, o laboratório está desacreditado novamente. O LBCD – Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem, ex- LADETEC foi suspenso provisoriamente por seis meses, ou seja, em princípio, não poderá realizar os exames anti-doping durante os Jogos Olímpicos do Rio.
Ao custo de R$ 188 milhões bancados pelo governo federal, o laboratório teve sua suspensão decretada pela prática de procedimentos técnicos errados, em não conformidade com os padrões da WADA. Simplificando as instalações estão perfeitas, equipamentos idem, mas os procedimentos não. Leia-se aí erro humano.
Quando foi descredenciado pela primeira vez, ainda como LADETEC em 2013, o laboratório estava com equipamentos considerados ultrapassados e o novo laboratório foi anunciado como um dos grandes legados para o esporte após os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Uma das previsões era de que ele seria utilizado para a Copa, o que não aconteceu. Diante disso tudo, estar suspenso às vésperas do início da Olimpíada ele pode tornar-se um grande legado sem utilização no evento para o qual foi criado.
A WADA vai realizar uma nova avaliação antes dos Jogos e, nesse período, irá trabalhar em conjunto com a ABCD – Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem para a solução do problema. A UFRJ à qual o laboratório é ligado divulgou comunicado onde espera a recuperação do credenciamento em julho.
Com a questão do doping latente e a suspensão da equipe de atletismo da Rússia nos Jogos do Rio, suspensão de seu laboratório e obrigando os atletas que quiserem participar da competição a fazê-lo sob a bandeira neutra do COI, após submeterem-se a exames realizados em laboratórios credenciados pela WADA torna ainda maior a importância do laboratório brasileiro.
As amostras agora são guardas e testes realizados anos depois. Muitas vezes os meios de apuração não detectam novas drogas. Com a realização de exames posteriores, isso pode mudar resultados de edições anteriores e a consequente dança das medalhas.
A previsão é de seis mil exames a serem realizados durante os Jogos. O Brasil ainda pode recorrer à CAS – Corte Arbitral do Esporte para reverter a suspensão.
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