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A partida do Capita

Nunca um gol numa final de Copa do Mundo mostrou tanto a importância de um jogador para a equipe e para a conquista de sua seleção. A bomba disparada por Carlos Alberto Torres encerrando a goleada sobre a Itália por 4 a 1 e dando a posse definitiva – até ela ser derretida – da Jules Rimet ao Brasil foi muito mais que um belo gol.

Quatro anos antes, Carlos Alberto já era um grande craque e tinha tudo para ser o titular da posição na Copa da Inglaterra, mas não foi. Lembro dele e do Djalma Dias, pai do Djalminha, que também era tido como certo no “scratch”, ou no escrete, como se dizia na época, e que também não foi para a Copa. Os dois foram ao programa da Hebe, então uma das maiores audiências da tevê brasileira. Isso tudo antes do vexame na Inglaterra.

Entrevistado, mostrou a insatisfação, mas também disse que torcia pelo tri, embora achasse difícil. Naquela jornada, o ufanismo pelo tri consecutivo embaçou a visão de muitos e o papelão até que trouxe lições.

Quatro anos depois, ele era o dono do time. E olha que comandar Pelé, Gerson, Rivellino e Tostão não era fácil. Todos eram camisas 10 em seus times.

Além deles, muitos outros craques e outros nem tanto. Carlos Alberto era o capitão. Nos testes físicos, ao lado de Brito, era quem tinha a melhor condição. Pronto para o papel de líder. Foi um monstro na Copa do México.

No segundo jogo pela frente, os então campeões mundiais. O futebol “moderno” do técnico Alf Ramsey contra o time eliminado na primeira fase da Copa anterior. Jogo duro, em todos os aspectos. Pelé dá uma cabeçada que Banks defende e entra para a história como a maior defesa de todos os tempos. Depois o Brasil faz 1 a 0, com Jairzinho, mas o jogo continuava duro. Depois de um cruzamento, o inglês Lee dá uma cabeçada certeira e Felix salva o Brasil numa defesa em dois tempos, mas leva um chute do inglês que já havia batido também no lateral esquerdo Marco Antônio.

Carlos Alberto, pouco depois, dá uma pancada, sem bola, no inglês, e mostra que a intimidação inglesa não faz efeito nenhum, que seu time não está ali para brincar. A partir daquele lance, Lee, que vinha sendo o atacante mais perigoso do English Team, sumiu.

Aos 72 anos, um infarto fulminante levou o Capita. Se não fosse fulminante, ele, com toda certeza, levaria a melhor. Tinha mais categoria, recurso técnico e intimidava com sua presença e liderança. Se não pegasse o Capita desprevenido, jamais levaria a melhor.

Levou o Capita e deixou milhões de corações tristes, que adoravam acompanhar suas análises e aprender com o seu imenso conhecimento de futebol.

Lá foi o Capita para o campo dos sonhos. Alguém duvida que ele vá mandar por lá também?

Redação Esporte

Um dos maiores especialistas em esportes olímpicos, narrador e comentarista esportivo.

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