Atletismo

Austrália 61 anos atrás. Olimpíada de Melbourne 1956

Em 22 de novembro de 1956 começavam os XVI Jogos Olímpicos em Melbourne. Pela primeira vez um novo continente receberia o evento e também o primeiro abaixo da linha do Equador. Para não parar com as novidades, os Jogos de 56 também foram disputados em dois países, já que o hipismo teve suas competições em Estocolmo, pela recusa em colocar os animais em quarentena por parte dos competidores.

Se o agito era enorme com relação aos Jogos, o mundo estava um barril de pólvora. A União Soviética havia invadido a Hungria dias antes do início da Olimpíada para sufocar uma rebelião libertária. Tempos do Pacto de Varsóvia, versão vermelha da OTAN sob o guarda-chuva da URSS, que num primeiro momento pensou em apoiar a revolução, mas no dia seguinte voltou atrás mandando tropas para resolver a questão à bala. Ficaram por lá até 1991.

Tempos de guerra fria e de duas Chinas. Nacionalista e Comunista, e eis que, no meio do caminho para Melbourne, a China de Mao decide que se Formosa ou Taipei participasse, a nação mais populosa do mundo não iria competir. A pressão não funciona e o COI não cede. A China Comunista volta para casa e pouco depois se desliga do Comitê Olímpico Internacional, num auto exilio que durou até Los Angeles 1984.

Bom, tem assunto para alguns livros a primeira Olimpíada na Austrália, mas uma história que envolve o Brasil e um de seus maiores ídolos no esporte é especial. Adhemar Ferreira da Silva, nosso eterno bicampeão olímpico. Em Melbourne o brasileiro repete o ouro conquistado quatro anos antes em Helsinki. Ali, ao saltar 16,35 metros, ganhou o apelido de canguru. Recebeu sua medalha e um ramalhete de flores que depois entregou a uma pequena torcedora que nunca esqueceu.

Veja aqui, no filme oficial dos Jogos de Melbourne, a participação de Adhemar.

Em 2000, quando os Jogos Olímpicos voltaram à Austrália, desta vez em Sydney, ao saber que Adhemar não estaria presente por não integrar nenhuma das equipes jornalísticas que cobririam o evento, Rosemary Mula, a menina de Melbourne, e seu marido Wilfred convidaram Adhemar para voltar aonde havia conquistado seu segundo ouro. O Canguru Adhemar viajou, e lá foi paparicado por todos, mas foram seus amigos da terra dos cangurus que o levaram para.

O carinho e atenção de Adhemar fizeram com que Rosemary se tornasse uma das voluntárias do COI mais conhecidas, tendo inclusive trabalhado nos Jogos do Rio ano passado.

Mais de seis décadas passadas e o gesto de Adhemar ainda emociona e é inspirador. Quanto a guerras frias, invasões e outras coisas do gênero, elas seguem por aí a nossa volta e tem, cada vez mais, o desprezo de todos e vão acabar ruindo. Já o gesto e o exemplo de Adhemar são eternos.

Redação Esporte

Um dos maiores especialistas em esportes olímpicos, narrador e comentarista esportivo.

Compartilhar
Publicado por
Redação Esporte

Posts Recentes

Alô, Tóquio 2020! Dois anos passam logo

Dois anos, ou 730 dias. É isso que falta para o início dos Jogos Olímpicos…

6 anos atrás

NBB, transmissões e marketing esportivo

Nunca caminharam separados, ainda que antigamente as regras impedissem que as marcas, produtos e serviços…

7 anos atrás

Goleiros

Jogar ali é tão difícil que a grama morre e não nasce mais. Heróis e…

7 anos atrás

Handebol brasileiro ficará sem principal patrocinador

Depois do vôlei de Osasco, que perdeu o patrocínio da Nestlé, agora é o handebol…

7 anos atrás

Mais um grande patrocinador sai do esporte Olímpico: Nestlé deixa o vôlei feminino de Osasco

As semifinais da superliga mal acabaram e com elas a vem a notícia de mais…

7 anos atrás

Bebeto, adeus

É impossível definir a importância de Paulo Roberto de Freitas para o esporte brasileiro. Como…

7 anos atrás
Advertisement