Categorias: Fórmula 1

Parada surpresa

Nico Rosberg parou por cima. Campeão Mundial, uma semana depois de receber a bandeirada em segundo lugar no Circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi, no dia de receber seu prêmio o alemão declarou que estava se retirando da F1. E colocou o mundo da velocidade e do esporte em polvorosa.

Aguardou uns dias para ver se a Mercedes faria algo com relação a atitude de Lewis Hamilton na última corrida da temporada e, apesar dos chefes de equipe Niki Lauda e Toto Wolf qualificarem a atitude do companheiro de Nico de “absurda” e da clara desobediência das determinações do boxe acerca do ritmo do inglês, nada aconteceu.

Lewis Hamilton já havia acabado com uma corrida da equipe quando ultrapassado por Nico Rosberg, foi pela grama tentar recuperar a posição e tirou os dois carros da equipe da prova diante do olhar atônito do presidente da montadora. A expressão inaceitável dita por Wolf não gerou punição nenhuma, nem advertência ao tri-campeão mundial e como não foi a primeira vez, isso com toda certeza, ajudou a cristalizar a decisão de sair de cena após a conquista.

Como o segundo filho de campeão mundial que conseguiu repetir o feito paterno, o primeiro foi Damon Hill em 96, Nico Rosberg entrou na F1 pela porta da frente. Começou na Williams em 2006 após a conquista da GP2 no ano anterior. Em 2010 foi para a Mercedes para ser companheiro de ninguém menos que Michael Schumacher, que foi tirado da aposentadoria.

Nos anos em que competiram juntos Nico se desenvolveu e bateu Schumacher quase todas as vezes. Considerado pronto, o heptacampeão deixou de ter utilidade e foi dispensado mesmo declarando que queria continuar de graça. Saiu pela porta dos fundos. A Mercedes é dura e fria com seus funcionários e aquele que era um rei na Ferrari foi descartado e definitivamente aposentado, agora compulsoriamente, pela estrela de três pontas.

Toto Wolf, chefe maior do time alemão é um tipo de Flavio Briatore de segunda geração. Estava chefiando uma equipe, possuía ações de outra (Williams) onde colocou sua mulher Susie (boa piloto por sinal) como test-driver e também gerencia carreiras e talentos no melhor estilo “capo mafioso” do italiano. Também é dono de 30% da equipe e uma empresa sua constrói os carros da montadora no DTM. Se a estrela tem só três pontas, os tentáculos de Toto são em número bem maior.

A parada surpresa de Nico fez com que a atitude bastante questionável de Lewis Hamilton virasse uma “boa estratégia” na opinião dos dirigentes da Mercedes mostrando que seja lá quem vá para o lugar de Nico vai ser apenas um escudeiro de Hamilton. Com o melhor carro do grid é verdade, mas um escudeiro.

Outro desdobramento interessante da aposentadoria precoce é que se antes haviam apenas dois lugares nos piores carros do grid, agora também existe vaga naquele que poderia levar o numero 1 de campeão da temporada de 2016.

Redação Esporte

Um dos maiores especialistas em esportes olímpicos, narrador e comentarista esportivo.

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