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Vôlei: o primeiro ouro a gente nunca esquece

Barcelona 92, nove de agosto. O Brasil faz uma partida arrasadora, detona a Holanda por 3 x 0, conquista seu primeiro ouro no voleibol masculino e o Brasil se tornava, definitivamente, o país do vôlei.

Vinte e cinco anos passados, o técnico responsável por aquela conquista, José Roberto Guimarães, acaba de conquistar com uma jovem equipe o Grand Prix, que a partir do ano que vem será a Liga Mundial Feminina.

Quando assumiu o time que conquistou o ouro em Barcelona, Zé pegou um abacaxi dos grandes. Não que não tivessem talentos no time, pelo contrário, até sobravam. O duro era acertar o meio de rede do Brasil e colocar foco no grupo. Muita conversa e estratégia colocaram o Brasil no lugar mais alto do pódio com uma geração brilhante, mas que saiu daqui desacreditada. Ali se chegou ao ouro!

O Brasil de Zé Roberto surpreendeu o mundo jogando com apenas um meio de rede definido: Paulão. Giovane, Tande, Marcelo Negrão e Carlão recebiam bolas rápidas e perfeitas de Maurício e deixavam os bloqueadores adversários malucos. Se a Holanda criou o carrossel no futebol, no ataque do voleibol isso é invenção do Zé.

O entrosamento de todos era brutal já que à exceção do capitão Carlão, todos os outros titulares eram do Banespa, responsável por uma dos mais belos projetos de marketing ligados ao esporte no Brasil em todos os tempos e, felizmente, um dos mais longevos, mas que se acabou com o fim do banco.

Zé ali conquistou o ouro na quadra e na sabedoria. Ela que mais do que nunca precisa ser sua companheira agora depois do sucesso do Grand Prix com sua nova equipe. Para vencer, Zé mudou o paradigma da seleção que tinha em suas jogadoras de meio Thaísa e Fabiana as bolas de segurança, o que dava um grande diferencial à equipe além de um muro digno de segurar qualquer gigante padrão Gamova. Agora a equipe tem seu padrão de segurança na saída e nas pontas e entrou num esquema de jogo que pode ser considerado comum. Depende muito do passe para jogar com um pouco mais de velocidade no ataque em qualquer posição.

Tóquio, em termos de planejamento, está logo ali, e Zé Roberto é um profundo conhecedor do vôlei e do Japão. Ele tem uma relação de longa data com o povo da terra do sol nascente desde o saudoso Yasutaka Matsudaira, técnico campeão olímpico em Munique 72, que se espantava com a capacidade de defesa daquele levantador brasileiro.

Para formar seu grupo para as Olimpíadas no Japão, Zé deverá passar por uma transição em seu grupo que, apesar de ter conseguido uma conquista épica, precisa muito de sua tranquilidade e sabedoria para seguir vencendo.

O primeiro ouro a gente nunca esquece, mas que o Zé já está com os dois olhos no Japão, isso é uma certeza…

Redação Esporte

Um dos maiores especialistas em esportes olímpicos, narrador e comentarista esportivo.

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